A minha infância querida

outubro 22, 2007

Quando meu professor de cálculo me ofereceu uma carona hoje, ao sair da faculdade (e parem de maldar que o moço é casado e com filhas moças, viu?), não imaginei que por alguns minutos iria entrar em uma viagem às lembranças musicais de minha infância…

Desde pequena ouço vários gêneros. Comecei com Beatles, que pápi era (é) fanático, passei pelo rock’n roll, jovem guarda, mpb, bossa nova. Lembro quando ficava ao lado dele no violão, ouvindo e cantarolando “When I’m Sixty Four”, “Rock and roll Lullaby”, “Blue Moon”, e váááários sucessos do cancioneiro nacional.

Mas não era simplesmente ouvir as músicas. Papai me contava as histórias por trás delas, os boatos, as verdades, as conseqüências. Fui devidamente apresentada a Chico Buarque por ele, que ia selecionando músicas, tocando, e fazendo a relação com o ano em que foram lançadas, a situação política do país na época, e o que a música significava. E assim fui crescendo, embalada por letras, melodias e histórias.

Além disso, ele gravava os especiais infantis que a Globo fazia na época. Perdi as contas de quantas vezes assisti “A Arca de Noé”, “Pirlimpimpim”, “Plunct, Plact, Zum” e tantos outros.  Pode ser somente saudosismo meu, mas acredito que ser criança na minha época ( como me sinto velha falando isso!) era mais inocente, mais gostoso e mais produtivo.  As crianças eram mais bem formadas culturalmente, tinham mais direcionamento e usavam de maneira mais diversificada sua criatividade. Ou será que esse é o mal de todas as gerações, achar que a sua sempre foi melhor?

Não sei. Talves daqui a 30 anos eu seja uma velhinha chata, reclamando do suspiro do vizinho, e repetindo incansavelmente: “porque na minha época…”