A minha infância querida

Quando meu professor de cálculo me ofereceu uma carona hoje, ao sair da faculdade (e parem de maldar que o moço é casado e com filhas moças, viu?), não imaginei que por alguns minutos iria entrar em uma viagem às lembranças musicais de minha infância…

Desde pequena ouço vários gêneros. Comecei com Beatles, que pápi era (é) fanático, passei pelo rock’n roll, jovem guarda, mpb, bossa nova. Lembro quando ficava ao lado dele no violão, ouvindo e cantarolando “When I’m Sixty Four”, “Rock and roll Lullaby”, “Blue Moon”, e váááários sucessos do cancioneiro nacional.

Mas não era simplesmente ouvir as músicas. Papai me contava as histórias por trás delas, os boatos, as verdades, as conseqüências. Fui devidamente apresentada a Chico Buarque por ele, que ia selecionando músicas, tocando, e fazendo a relação com o ano em que foram lançadas, a situação política do país na época, e o que a música significava. E assim fui crescendo, embalada por letras, melodias e histórias.

Além disso, ele gravava os especiais infantis que a Globo fazia na época. Perdi as contas de quantas vezes assisti “A Arca de Noé”, “Pirlimpimpim”, “Plunct, Plact, Zum” e tantos outros.  Pode ser somente saudosismo meu, mas acredito que ser criança na minha época ( como me sinto velha falando isso!) era mais inocente, mais gostoso e mais produtivo.  As crianças eram mais bem formadas culturalmente, tinham mais direcionamento e usavam de maneira mais diversificada sua criatividade. Ou será que esse é o mal de todas as gerações, achar que a sua sempre foi melhor?

Não sei. Talves daqui a 30 anos eu seja uma velhinha chata, reclamando do suspiro do vizinho, e repetindo incansavelmente: “porque na minha época…”

8 Responses to A minha infância querida

  1. Coió-coió disse:

    Pata-Tivinha do meu coração,
    taí, ó, nossa identificação vem de longe mesmo. tenho memórias muitíssimo parecidas com essas…me emocienei lembrando do meu bisavô que cantava pra mim, porque eu tive a suprema sorte de ser a primeira bisneta dele e a única que ainda conviveu, ouviu as histórias, tomou as broncas…
    A nossa geração foi premiada com uma leva maravilhosa de produções infantis de altíssimo nível, sim. Hoje, meus filhos ouvem esses mesmos discos, porque Xuxas e Angélicas povoaram o cenário musical e isso eu nunca deixei chegar neles. Ser criança hoje é menos saudavelmente criativo, talvez. Mas ainda tem gente boa fazendo algumas poucas coisas por ai. Vale a pena buscar, em prol do que eles vão ter como memória, um dia. Os meus meninos ( salvo o computador e os PSII) são moleques de subir em árvores, fazer teatrinhos, brincar de pique e de jogar bet, graças a Deus.
    E você não vai ser uma velhinha reclamona nuuunca, amoreca. Você vai ser uma velhota esperta, como todas nós seremos.
    beijos beijos
    Liamo

    >> Ô beibe, liamo também, sabia? Acho que o que mais falta hoje nas crianças é a liberdade mesmode subir em árvores e brincar na rua. No interior ainda é possível, mas nos grandes centros estão todos confinados aos apartamentos, com o computador e o PSII como melhores amigos. É triste.. 😦

  2. Tenho as mesmas lembranças da minha infância e o cantor que meu pai me apresentou foi o Toquinho. Anos mais tarde encontrei o cantor e disse isso a ele!

    >> Ai ai ai !!! Toquinho é o máximo!!!! Eu já vi dois hsows dele, e babei muito! E você ainda teve a chance de falar com ele, e partilhar essa lembrança gostosa? Viva!!!! 😀

  3. Alline disse:

    Eu não sei me inscrever aqui…H-E-L-P!
    Beijoconas
    Da Médica…

    >> Dona Médica de Passarinhos, vou mandar pra você o manual ilustrado, pode ser? Liamo!

  4. Claudia Lyra disse:

    Ah… acho que na nossa época de criança era melhor, simplesmente porque ser criança é muuuiiiitooo bom! Quanto às músicas, também posso dizer que meu gosto musical foi formado por meu pai. Aliás, a ligação que eu e meu irmão temos com música no geral é herança do pai, já que minha mãe, até hoje, não tem dá muita bola pra isso. Ela gosta mais de ler e, graças a Deus, transmitiu isso pra mim. Então, “ouço música sem parar” por parte do pai e “leio até bula de remédio” por parte de mãe, huahuahauhauhau…

    >> Eu também leio até bula de remédio. E não sei viver sem música. E já fui naturalmente ruiva como você. Diz, praticamente gêmeas, certo? 😉

  5. Vandorinha disse:

    Meu gosto por música começou com meu pai também. Ele que me ensinava, com dois anos, a cantar: “O pato pateta…”
    Até hoje eu lembro da voz dele me ensinando. Parei pra pensar na minha irmã, nas músicas de infância dela, quando meu pai já não tinha tempo de ensinar as mesmas que ensinou pra mim, e consigo entender porque ela gosta do que gosta hoje ¬¬

    >> Abafa o caso Van, que minha irmã teve a mesma formação cultural que eu, mas nunca quis ficar do lado do meu pai cantando. E o que ela ouve hoje em dia… Como disse, abafa! (*risos*)

  6. tatitatuada disse:

    Tenho esse mesmo receio. Me policio para não dizer: Na minha epoca.
    Beijos.

    >> Pior que eu falo isso desde os 20. Acho que é síndrome de velhice precoe…;-)

  7. Claucatua disse:

    Eu me pego a pensar que JÁ ESTOU VELHA. Sabe essas coisas que chamam de música, esses funks e assemelhados? Eu acho que é uma involução da espécie humana. Eu acho que é coisa de cérebro de paçoca, sabe? Daí me pergunto: tá, mas quando eu ERA xóóóvem: as músicas que eu gostava (legião urbana, U2, entre outros), eram consideradas coisas de mau gosto como essas aí? A minha impressão é que não. Mas vai ver pra nossa geração anterior assim lhe pareciam. mas as letras tinham conteúdo, não tinham? Então eu continuo pensando que essas novidades realmente são uma involução da espécie.

    >> Clau, as músicas da nossa época eram consideradas coisas do diabo ( como dizia minha falecida avó…rs), mas nunca involução…rs Mas acho que essa geração está mesmo involuida. Na verdade descompromissada. Essa é a parte não tão boa da liberdade de expressão: você pode ver o Bonde do Tigrão cantando “Tchutchuca” em qualquer lugar.. 😦

  8. Ana Paula disse:

    Eu tou louca pra entrar pra Gaiola, e não tive tempo ainda. Acho que hoje sai. quer dizer, entro.
    Eu tenho memórias parecidas, só que meu pai tocava as músicas no violão e me botava pra cantar. Imagina eu com 8-9 anos cantando A Deusa da minha rua! E ai que eu desafinasse! Ele mandava repetir, repetir, repetir, até sair certo.
    Também vi Saltimbancos, Arca de Noé, turma do Balão Mágico e esses todos que vcs falaram aí e meus filhos idem. Essa gaiola vai virar uma casa geriátrica um dia, hohoho!

    >> Passa já pra cá, passarinha! Meu pai também fazia isso , Ana. Mas eu cantava “Neurastênico”, “Let it Be” e afins…

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